Os mitos sobre TDAH são constantemente espalhados nas rodas de conversas sobre saúde mental. Quando se trata do assunto, parece que todos têm algo a dizer.
Se você sempre se distrai e acha difícil manter o foco, talvez já tenha ouvido conselhos como "durma melhor" ou "experimente meditar". Essas são boas sugestões, é verdade, mas quando se trata de Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH), a questão é bem mais complexa.
A pesquisa em torno do TDAH teve grande avanço nos últimos 25 anos, contribuindo para a compreensão mais profunda e abrangente do tema. No entanto, mitos e desinformação ainda persistem.
Este artigo busca esclarecer alguns desses mitos comuns sobre o transtorno e apresentar as verdades baseadas na pesquisa científica atual.
Dados Estatísticos sobre o TDAH:
Conforme dados divulgados pela Associação Brasileira do Déficit de Atenção (ABDA), a prevalência global do TDAH oscila entre 5% e 8%.
Além disso, é estimado que até 70% das crianças diagnosticadas com esse transtorno enfrentam ao menos uma outra condição comórbida, e um mínimo de 10% lidam com três ou mais comorbidades associadas.
Agora, vamos para os principais mitos acerca do assunto.
Mito 1: TDAH É Uma "Modinha"
Dizer que o TDAH é uma invenção moderna é um erro. Na realidade, o TDAH é um transtorno neurobiológico legítimo, com décadas de pesquisa científica para embasá-lo.
Não se trata de um termo da moda ou de uma desculpa para comportamentos desatentos ou hiperativos.
As primeiras descrições do que hoje conhecemos como TDAH datam de pelo menos o século XIX. Já a nomenclatura e os critérios diagnósticos têm sido aprimorados com o tempo, particularmente nas últimas décadas, mas a condição em si não é "nova."
Mito 2: O TDAH é Resultado de Falhas na Criação dos Filhos ou de Indisciplina
Pode ser fácil colocar a culpa nos pais quando se trata de TDAH, mas a realidade é muito mais complexa. O TDAH não é causado simplesmente por falhas parentais ou falta de disciplina.
Na verdade, o transtorno pode prover de uma combinação de fatores, que vão desde a genética até a química cerebral e influências ambientais que ocorrem durante o desenvolvimento fetal.
É verdade que um ambiente familiar saudável pode aliviar alguns dos sintomas associados ao TDAH. No entanto, é importante considerar que, mesmo em famílias ideais, o TDAH ainda pode estar presente.
Portanto, embora o ambiente possa afetar a gravidade dos sintomas, nem sempre é correto afirmar que o TDAH seja resultado de "má parentalidade" ou falta de disciplina.
Enfim, antes de dar um diagnóstico, é preciso avaliar cada caso particular.
Mito 3: Apenas Crianças Hiperativas Têm TDAH
O TDAH apresenta-se de formas diferentes em diferentes pessoas e não apenas em crianças. Algumas podem ter o subtipo predominantemente desatento, outras o hiperativo-impulsivo, e ainda outras podem ter uma combinação dos dois. Nem todos exibem hiperatividade perceptível.
Assim, o transtorno pode se manifestar de várias formas, incluindo desatenção, hiperatividade e impulsividade. Além disso, ele pode persistir na idade adulta, e seus sintomas costumam mudar ao longo do tempo.
Mito 4: O TDAH Não é Sério e Desaparece Com o Tempo
Ao contrário do que muitos pensam, o TDAH não é uma "fase" pela qual alguém simplesmente passa ou um problema menor que desaparece com o tempo. Estudos mostram que o TDAH pode ser uma condição crônica que costuma persistir na idade adulta.
Além disso, ele é comumente associado a outras comorbidades, como transtornos de humor e ansiedade, tornando o problema ainda pior.
Persistência dos Sintomas na Vida Adulta
A ideia de que o TDAH desaparece com a maturidade é um mito prejudicial. De acordo com estudos recentes, cerca de 60% das crianças diagnosticadas com TDAH continuam a exibir sintomas na vida adulta.
No entanto, os sintomas podem mudar de forma e intensidade, como hiperatividade se transformando em inquietação interna, mas o transtorno em si raramente desaparece completamente.
Comorbidades Agravam o Quadro
Como visto, em alguns casos o TDAH pode vir acompanhado de outros transtornos coexistentes. Entre os mais comuns estão o transtorno de humor, o transtorno bipolar e os transtornos de ansiedade.
Isso não apenas complica o diagnóstico e o tratamento do TDAH, mas também podem acentuar os sintomas, tornando a administração ainda mais difícil.
Como o TDAH Atinge a Vida Cotidiana
Ignorar o TDAH como algo sem importância é um erro, já que ele pode realmente mexer com a vida de uma pessoa. De ter problemas na escola e no emprego até viver momentos de tensão com amigos e familiares.
Por isso, é superimportante entender que o TDAH é algo realmente sério e muitas vezes permanente. Além disso, o tratamento adequado pode incluir remédios, terapia e técnicas para controlar os sintomas, tudo para melhorar a qualidade de vida a longo prazo.
Mito 5: O TDAH afeta apenas Meninos e Homens
Esse mito é bem antigo e bastante equivocado! Ambos os gêneros podem ser afetados pelo TDAH, mas os sintomas podem se manifestar de formas diferentes em homens e mulheres.
Por exemplo, enquanto meninos costumam ser identificados como hiperativos e impulsivos, as meninas podem ser mais desatentas e sonhadoras, o que às vezes faz com que o diagnóstico passe batido.
Além disso, estigmas e estereótipos de gênero podem atrapalhar o diagnóstico. Quando as mulheres mostram sintomas de TDAH, esses podem ser erradamente atribuídos a condições como ansiedade ou depressão.
Então, fica a dica: o TDAH não escolhe gênero e pode afetar qualquer um, com sintomas que vão além dos estereótipos. Pesquisadores já estão de olho em como o TDAH aparece e se desenvolve em meninas e mulheres, porque o transtorno não faz distinção de sexo.
Conclusão
Bem, apesar de ainda haver muitos mitos sobre TDAH, a maré está mudando. Cada vez mais, estamos adotando linguagens inclusivas e respeitosas, como "neurodivergência", para falar sobre a diversidade da mente humana.
Isso mostra que estamos evoluindo na forma como vemos e tratamos o TDAH e outras condições de saúde mental.
O melhor de tudo é que a visão de que a saúde mental é um direito humano fundamental está ganhando força. Isso significa mais acesso a bons tratamentos, mais inclusão e, o mais importante, mais amor e compreensão para todos que convivem com o TDAH.
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